Com licença, obrigado, desculpa

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO
ÀS FAMÍLIAS EM PEREGRINAÇÃO POR OCASIÃO DO ANO DA FÉ
Praça de São Pedro
Sábado, 26 de Outubro de 2013

Queridas famílias, boa tarde!
Bem-vindas a Roma!
Viestes, como peregrinas, de muitas partes do mundo, para professar a vossa fé diante do túmulo de São Pedro. Esta praça acolhe-vos e abraça-vos: somos um só povo, com uma só alma, convocados pelo Senhor, que nos ama e sustenta. Saúdo também a todas as famílias que estão unidas através da televisão e da internet: uma praça que se espraia sem confins! (...)

A segunda palavra, tomo-a do rito do Matrimónio. Neste sacramento, quem se casa diz: «Prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida». Naquele momento, os esposos não sabem o que vai acontecer, não sabem quais são as alegrias e as tristezas que os esperam. Partem, como Abraão; põem-se juntos a caminho. E isto é o matrimónio! Partir e caminhar juntos, de mãos dadas, entregando-se na mão grande do Senhor. De mãos dadas, sempre e por toda a vida. E não façais caso desta cultura do provisório, que nos põe a vida em pedaços.

Com esta confiança na fidelidade de Deus, tudo se enfrenta, sem medo, com responsabilidade. Os esposos cristãos não são ingénuos, conhecem os problemas e os perigos da vida. Mas não têm medo de assumir a própria responsabilidade, diante de Deus e da sociedade. Sem fugir nem isolar-se, sem renunciar à missão de formar uma família e trazer ao mundo filhos. - Mas hoje, Padre, é difícil… - Sem dúvida que é difícil! Por isso, é precisa a graça, a graça que nos dá o sacramento! Os sacramentos não servem para decorar a vida – mas que lindo matrimónio, que linda cerimónia, que linda festa!... Mas aquilo não é o sacramento, aquela não é a graça do sacramento. Aquela é uma decoração! E a graça não é para decorar a vida, é para nos fazer fortes na vida, para nos fazer corajosos, para podermos seguir em frente! Sem nos isolarmos, sempre juntos. Os cristãos casam-se sacramentalmente, porque estão cientes de precisarem do sacramento! Precisam dele para viver unidos entre si e cumprir a missão de pais. «Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença». Assim dizem os esposos no sacramento e, no seu Matrimónio, rezam juntos e com a comunidade, porquê? Porque é costume fazer assim? Não! Fazem-no, porque lhes serve para a longa viagem que devem fazer juntos: uma longa viagem, que não é feita de pedaços, dura a vida inteira! E precisam da ajuda de Jesus, para caminharem juntos com confiança, acolherem-se um ao outro cada dia e perdoarem-se cada dia. E isto é importante! Nas famílias, saber-se perdoar, porque todos nós temos defeitos, todos! Por vezes fazemos coisas que não são boas e fazemos mal aos outros. Tenhamos a coragem de pedir desculpa, quando erramos em família… Algumas semanas atrás, nesta praça, disse que, para levar por diante uma família, é necessário usar três palavras. Três palavras: com licença, obrigado, desculpa. Três palavras-chave! Peçamos licença para não ser invasivos em família. «Posso fazer isto? Gostas que faça isto?» Com a linguagem de quem pede licença. Digamos obrigado, obrigado pelo amor! Mas diz-me: Quantas vezes ao dia dizes obrigado à tua esposa, e tu ao teu marido? Quantos dias passam sem eu dizer esta palavra: obrigado! E a última: desculpa. Todos erramos e às vezes alguém fica ofendido na família e no casal, e algumas vezes – digo eu – voam os pratos, dizem-se palavras duras… Mas ouvi este conselho: Não acabeis o dia sem fazer a paz. A paz faz-se de novo cada dia em família! «Desculpai-me»…, e assim se recomeça de novo. Com licença, obrigado, desculpa! Podemos dizê-lo juntos? (respondem: Sim!). Com licença, obrigado, desculpa! Pratiquemos estas três palavras em família. Perdoar-se cada dia! (...)

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