Mão
Já todos vimos mil imagens de pai e filho de mão dada. Ajudam à ideia generalizada de uma segurança única que o pai ou a mãe passam para a criança, assim, mão na mão. Mais um dia começa. Desço a escada que nos tráz ao pequeno almoço e o meu pensamento não está já ali. Mora na preocupação pelo dia, pelo dia de hoje e pelo de amanhã. Mal ouço o tagarelar atrás de mim. Mas, de repente há uma mãozita que se encosta na minha, que encontra ali o amparo necessário para descer confiadamente os degraus ao mesmo tempo que continua a mal ouvida dissertação. A verdade é que qualquer um dos meus filhos já desce escadas sozinho vezes sem conta. Percebo então que foi a minha mão que se abriu e se insinuou naquela posição estendida ao longo do corpo, relaxada, um pouco virada para trás. E o meu pensamento volta ao presente, desperto pelo calor daquela pequena palma na minha mão e a inusitada segurança que isso me dá! texto de José Carlos Santos